sábado, 28 de maio de 2011

Paulo Freire versus Skinner

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo,

torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, 
ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se
a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda."



Em 1947, Paulo Freire foi contratado para dirigir o departamento de Educação e Cultura do Sesi. Foi onde entrou em contato com a alfabetização de adultos. 

Em 1958, participa de um congresso educacional na cidade do Rio de Janeiro. Neste congresso, apresenta um trabalho importante sobre educação e princípios de alfabetização. De acordo com suas idéias, a alfabetização de adultos deve estar diretamente relacionada ao cotidiano do trabalhador. Desta forma, o adulto deve conhecer sua realidade para poder inserir-se de forma crítica e atuante na vida social e política. 

No começo de 1964, foi convidado pelo presidente João Goulart para coordenar o Programa Nacional de Alfabetização. Logo após o golpe militar, o método de alfabetização de Paulo Freire foi considerado uma ameaça à ordem, pelos militares.Viveu no exílio no Chile e na Suíça, onde continuou produzindo conhecimento na área de educação. Sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, foi lançada em 1969. Nela, Paulo Freire detalha seu método de alfabetização de adultos. 
Retornou ao Brasil no ano de 1979, após a Lei da Anistia.

Durante a prefeitura de Luiza Erundina, em São Paulo, exerceu o cargo de secretário municipal da Educação. Depois deste importante cargo, onde realizou um belo trabalho, começou a assessorar projetos culturais na América Latina e África. 
Morreu na cidade de São Paulo, de infarto, em 1997.

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Revista Nova Escola 

Skinner e versus Freire

Skinner é considerado o pai do tecnicismo (uma tendência liberal que sustenta a idéia de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com aptidões individuais). Entretanto, os indivíduos precisam aprender a adaptar-se aos valores e às normas vigentes na sociedade de classe,  mas esta liberalidade é direcionada para responder aos anseios de uma classe dominante. 

Já à Paulo Freire não se atribui uma teoria de ensino- aprendizagem. O seu método de alfabetização é uma conseqüência do seu pensamento filosófico, o qual, nas entrelinhas, proporciona vislumbrar uma metodologia de ensino que parte sempre da análise do contexto da educação. 
A pedagógica de Paulo Freire é libertadora porque propicia a ação segundo a própria determinação, ou seja, o educando detém o poder de agir. O ponto de partida: o método é o universo vocabular e as palavras geradoras extraídas de sua própria experiência. 
Um outro ponto em que podemos estabelecer distinção entre Skinner e Paulo Freire refere-se à noção de cultura. Para Skinner, a força de uma cultura está nos seus membros. Para Paulo Freire, utiliza-se do termo invasão cultural. Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente e permanente que os homens fazem no mundo, como mundo e os outros. 
Para Skinner, é a investigação científica do ato de aprender que determina o conhecimento. Os instrumentos de ensino da linha Skinnereana são: a instrução programada, a máquina de ensinar, os módulos de ensino e as fichas didáticas. 

Máquina de ensinar

Os instrumentos de ensino da linha freireana partem do mundo e nele se inserem. Paulo Freire considera que o homem é um ser aberto para o mundo, dinâmico e capaz de transcender aos condicionamentos naturais e  culturais de suas circunstâncias e por isso mesmo habilitado a interferir criativamente em suas próprias condições de existência. 



Skinnner prega a modelagem de comportamentos, ser fiel consiste em copiá-lo e aplicá-lo sob medida na sala de aula. Paulo Freire tem horror ao mecanicismo, à postura dos discípulos submissos e obedientes, ser fiel significa antes de mais nada reinventar-se com ele.



Pesquise obras de Paulo Freire na 

5 comentários:

  1. Olá Clarissa,

    Apesar do tempo entre sua postagem e o meu comentário, creio que ainda caibam algumas ressalvas ao seu texto.

    Skinner é grosseiramente trabalhado nos cursos relacionados à educação... A Análise do Comportamento, criada a partir das idéias deste cientista, ao contrário do que se diz, não é tecnicista, mas se vale de técnicas para alcançar seus objetivos. Recentemente comecei a escrever em um blog sobre as propostas educacionais skinnerianas, inclusive traçando similaridades entre Skinner e Freire. Convido você a dar uma lida.

    Meus textos se encontram no blog: www.comportese.com .

    Abraços,

    Rodrigo Oliveira

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    1. Amei sua colocação, pois sou da educação e sei o quanto os teóricos que fazem parte da formação didático pedagógica, tendem a ter um preconceito sobre a teoria desenvolvida por Skinner. A Análise do Comportamento Aplicada, deveria ser melhor abordada, pois tem grandes contribuições na temática: aprendizagem.

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  2. Skinner continua sendo mal compreendido, mesmo após vários esforços da comunidade Analítica Comportamental e do próprio Skinner em desfazer esses mal entendidos.
    Muito provavelmente Skinner concordaria com vários aspectos da visão de Paulo Freire sobre a educação.
    Talvez pela linguagem utilizada pela Análise do Comportamento, pelo contexto histórico em que surgiu, etc., foi alvo de duras críticas infundadas. Nos cursos de graduação não se lê Skinner, mas sim teóricos que supostamente o leram (fica nítido, ao entrar em contato com a obra de Skinner, que esses "comentadores" na verdade devem ter lido outros comentadores, mas não as obras originais). Skinner, desde a década de 50, já vinha denunciando vários problemas na Educação. Para ele, sempre foi uma preocupação a forma como a escola se ocupava de processos de ensino-aprendizagem, pois, segundo ele, a escola da forma como era (e é) organizada, não era (não é) um local favorável ao aprendizado.

    Skinner é acusado de ser "o pai do tecnicismo", simplesmente porque não estava contente com a "aprendizagem" oferecida pela escola, e propôs formas melhores para que os alunos tivessem um aprendizado melhor. Porém, nunca negou a importância de ensinar os alunos a pensarem por si próprios, em "educar para a cidadania" e etc.; ele acreditava que até isso poderia ser melhorado através da ciência do comportamento. Seria, então, mais fácil ensinar "como pensar criticamente", "como pensar por si mesmo". Ele via o aluno como um sujeito ativo e já denunciava a "educação bancária" (Freire) desde 1960.

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  3. Realmente, a incompreensão do modelo educacional da Análise do Comportamento continua sendo estranhamente disseminada. Existem inúmeras convergências teóricas entre os autores. A Análise do Comportamento é, por primazia, educar. Desde o seu uso clínico, até na educação formal. Educar, para Skinner é um ato de liberdade e autonomia, tal qual Freire. Esse texto presta mais um desserviço à comunidade acadêmica.

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